sexta-feira, 31 de julho de 2009

Entrevista do governador Aécio Neves e do presidente Lula

Foto: Wellington Pedro / Imprensa MG


Assuntos: Campeonato Brasileiro e Eleições 2010


Eu entendi mal, ou o senhor está pensando em fazer um projeto para segurar os craques no Brasil? 

Lula - Acho que todo mundo Sabe que eu gosto de futebol, todo mundo sabe que o Aécio gosta de futebol e, obviamente, que futebol é uma paixão nacional, ou seja, 90% dos brasileiros adoram futebol. Mas o que estamos vendo agora? Estamos vendo os nossos jovens saírem daqui com 17 anos de idade e voltarem com 32 pra jogar no Brasil, ou seja, no auge da carreira eles estão jogando no exterior. Do ponto de vista da realização individual, profissional, é correto; a meninada precisa ganhar dinheiro mesmo, a profissão é muito curta e tal. Mas o que não podemos é que além da gente perder os nossos craques é no meio do nosso campeonato abra a janela dos países europeus e os times que estão disputando o campeonato vendam seus jogadores. 

Seu Corinthians, por exemplo, está despedaçado. 

Lula- Mas o Cruzeiro perdeu o Ramires no auge da disputa da Libertadores. Ou seja, o jogador fica com medo de se machucar e não poder ir para o lugar. Agora veja, o Corinthians acabou de ser campeão da série B, perdeu só um jogo. Depois foi campeão paulista invicto, campeão da Copa Brasil, ou seja, está pensando na Libertadores e tem que ser campeão brasileiro. Ou seja, desmonta um time, perde quatro jogadores em um final de semana. 

O senhor acha que o governo consegue entrar nisso, porque tem a questão do mercado? 

Aécio Neves - É mudar o calendário do futebol brasileiro, do campeonato brasileiro. 

Lula - Olha o que a gente tem que fazer, ou tem uma lei proibindo, sabe, a venda de jogadores no meio do campeonato ou, você muda o calendário do futebol brasileiro para que o mercado brasileiro seja compatível com a abertura de janela do mercado externo. Alguma coisa nós vamos fazer. 

O senhor é sempre categórico em dizer que ele (Lula) quando vem aqui deve ser bem tratado. O senhor prevê que o presidente vai conseguir conciliar? Ele tem três aliados aqui, Pimentel, Patrus, Hélio Costa e tem o senhor que é adversário político, mas não é inimigo. Ele vai conseguir conciliar e ter palanque para a Dilma aqui? 

Aécio Neves - Eu sou amigo do presidente, estamos em partidos diferentes, mas pensamos muita coisa parecida e acho que na frente ainda vamos estar trabalhando juntos pelo Brasil de alguma forma. 

O presidente é jeitoso, o presidente vai saber conduzir essas coisas. A coisa pior na política é ansiedade. O tempo - e Dr. Tancredo já dizia isso - ajuda a resolver os problemas que nós achamos mais difíceis. O tempo vai resolver metade e a outra metade, o presidente vai saber resolver. 

Lula - E depois nós temos já duas eleições em que participamos apoiando candidatos diferentes e não tivemos nenhum problema. A grande bobagem da política é quando você mistura uma disputa eleitoral com a governabilidade que você vai ter depois e com as amizades pessoais. Ou seja, para mim, política, a disputa de política é como a decisão de um título. Ou seja, o fato de Cruzeiro e Atlético disputarem um título aqui em Belo Horizonte, não significa que depois do jogo os jogadores não sejam amigos. Ou seja, a política tem que ser vista desse jeito e você não pode tratar um concorrente teu como um inimigo. Você tem que tratar como um adversário momentâneo e depois vocês podem ter 800 coisas para fazer juntos. E a demonstração do nosso trabalho de oito anos é de que somos mais parceiros do que adversários, mesmo na época de disputa eleitoral.

Aécio - E este testemunho eu tenho que dar. Porque jamais, em nenhum momento, o presidente discriminou Minas. Agora mesmo na conversa de pé de ouvido que você dizia, eu alertava para outras questões importantes de Minas e que eu tenho certeza, como fez em outros momentos, ele vai resolver. 

Quero dizer aqui de público que nessa última semana estive com o ministro Guido Mantega, que está ajudando Minas em um momento difícil com queda de arrecadação, no aumento do nosso limite de endividamento, que é o único instrumento que os estados têm para repor essa queda de arrecadação. Então, o presidente tem essa compreensão, disputa-se a eleição, passou a eleição nós temos que trabalhar juntos. Todo mundo junto já é tão difícil de resolver as coisas, quando a gente fica brigando, por bobagem por questões eminentemente partidárias, as coisas não acontecem. E isso eu sempre faço um registro de que o presidente tem sido absolutamente correto com Minas, com os mineiros e com esse seu amigo. Até porque eu deixava ele jogar na lateral-esquerda do meu time quando ele não era presidente ainda.


Agência Minas


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