Um pequeno grupo de pessoas apaixonadas por histórias de superação. Uma escola aberta a novas possibilidades de ensino. Uma turma de crianças curiosas. E um punhado de câmeras "antigas" sem uso em um armário. Esses foram os elementos iniciais do projeto Meu Morro, Meu Olhar, que ensina 17 crianças do Aglomerado Santa Lúcia a enxergarem com outros olhos sua própria identidade.
O sonho surgiu quando Aline Guerra, professora bolsista de Educação Artística do Programa Escola Integrada da Prefeitura de Belo Horizonte, descobriu que a escola onde trabalhava dispunha de 13 câmeras fotográficas analógicas. Com as câmeras na mão e uma ideia na cabeça, ela conseguiu que a escola executasse o projeto.
Logo o fotógrafo Jorge Quintão uniu-se ao grupo, doando seu tempo e expertise ao projeto e às crianças. "Sempre pensei em ensinar fotografia para crianças, pois acredito que elas têm um olhar puro, mas crítico e sincero, infinitamente mais interessante, pois estão descobrindo o mundo", afirma ele. "Hoje tenho o orgulho de dizer que é uma das melhores experiências que já passei em toda minha vida. O feedback é imediato e, claro, o resultado é maravilhoso quando vemos as imagens produzidas pelos alunos."
"Este projeto nasceu da vontade de ensinar as crianças a olharem ao seu redor, a buscarem sua identidade e valorizarem a si mesmas, como seres humanos capazes de construir uma trajetória de vida brilhante, independente de berço, de condição social, de vida", completa Aline. "É isso mesmo: vamos encher esse planetinha lindo e bobo de lindas fotografias, telas maravilhosas, filmes e músicas de amor profundo, conversas edificantes, muita arte e tudo o mais que deixa os corações quentinhos e conforta a alma", corrobora com muito bom humor o músico Affonsinho.
"Eu achava que tirar fotos era só apertar um botão", conta a aluna da 5a série Thaís Lorraine. "Hoje eu sei que tenho que observar a luz, a contra-luz e o enquadramento", afirma a pequena, já falando como gente grande. "Tinha um monte de lugares lá do bairro por onde a gente passava sem dar atenção", explica Ana Carolina Pinheiro, outra aluna do projeto. "Hoje a gente olha pra nossa comunidade de outro jeito, percebendo que lá tem muita coisa interessante."
Planos para o futuro – Aline e Jorge gostaram tanto do resultado do projeto que pretendem levá-lo a outras escolas da capital e até mesmo a outras cidades mineiras. Um sonho da professora de Educação Artística é estender as atividades até o Vale do Jequitinhonha, onde já trabalhou com comunidades carentes. Mas para isso, é preciso conseguir parceiros.
Atualmente, eles estão em busca de doações de câmeras digitais, já que as analógicas requerem mais investimento financeiro, por conta da necessidade de filmes e revelações. "Não queremos câmeras com resoluções altíssimas e também caríssimas, porque assim seria difícil conseguir doações", explica Aline. "Câmeras de 3 megapixels são suficientes para tirar ótimas fotos." As câmeras não serão doadas às crianças, e sim ao projeto, beneficiando assim outros tantos pequenos que aguardam pela chance de enxergar o mundo com lentes mais coloridas.
Meu Morro, Meu Olhar Café com Letras Rua Antônio de Albuquerque, 781 Belo Horizonte de 8 a 27 de julho de 2009 Luza Marinho |
sábado, 27 de junho de 2009
Crianças do Aglomerado Santa Lúcia descobrem sua comunidade através da fotografia
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