Nesta quinta-feira (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, o mundo todo se une no combate à doença e ao preconceito que a envolve. Embora a Aids deva ser prevenida todos os dias, no dia primeiro de dezembro, em especial, várias ações são organizadas para lembrar às pessoas da importância da prevenção, independente da idade e da orientação sexual de cada um.
Neste ano, a campanha da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que tem como slogan, "A Aids não faz escolhas, mas você pode fazer a sua. Use camisinha", busca justamente mostrar às pessoas que a doença atinge todos os grupos populacionais, e que, portanto, todo mundo é vulnerável. Para marcar a data, a SES-MG vai realizar ações em parceria com municípios mineiros, ONGs e instituições da sociedade civil. Além disso, será instalado um grande laço vermelho no auditório JK, na Cidade Administrativa.
A secretaria também vai promover, em parceria com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), uma ação de mobilização na região hospitalar, próximo ao Hospital João XXIII, com entrega de material informativo e camisinha aos pedestres e motoristas que circulam na região.
De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids da SES, Fernanda Junqueira, ações como essas são necessárias para chamar a atenção das pessoas para a enfermidade, que embora provoque menos mortes que antigamente, ainda requer cuidados. "No início da epidemia da AIDS, quando o indivíduo descobria que era portador do HIV, ele já estava doente e com o organismo comprometido, evoluindo em poucos meses para o óbito. Atualmente, desde o início da terapia antirretroviral em 1996, a qualidade de vida e prognóstico melhoraram bastante. No entanto, a estimativa é que hoje temos conhecimento de apenas 50% dos números da epidemia, o que reforça a necessidade do diagnóstico precoce, também como forma de se prevenir a doença", afirma.
Como no Brasil a notificação para o HIV não é compulsória, em Minas Gerais são feitas apenas as notificações dos casos confirmados da doença, ou seja, das pessoas portadoras do vírus HIV que apresentam manifestações clínicas da doença.
Em 2012, o Governo de Minas pretende iniciar o processo de notificação compulsória do HIV e está focado no incentivo ao testagem e ao diagnóstico precoce, pois "quanto mais cedo a pessoa conhece seu estado sorológico, mais chances tem de combater a cadeia de transmissão e melhorar a qualidade de vida", afirma Fernanda.
Atualmente, a SES-MG conta com um banco de dados interno nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), onde é feita a coleta de informações das pessoas interessadas no exame. Esse banco permite a quantificação do número de testes realizados para a detecção do vírus, bem como o número de resultados positivos. "Entretanto, esses números não retratam a realidade e nem são suficientes para traçar o perfil do portador do HIV, uma vez que são dados apenas da população que busca o serviço de testagem e não contempla quem já é sabidamente portador, quem descobriu a sorologia nas redes particulares ou nas Unidades Básicas de Saúde e também quem desconhece seu estado sorológico", explica a coordenadora.
Notificações
O perfil da epidemia de Aids em Minas Gerais segue a tendência nacional, com a feminização e a pauperização da doença, e o aumento no número de casos entre heterossexuais e a população acima de 60 anos, embora o predomínio de casos aconteça entre jovens e adultos jovens, em ambos os sexos.
Entre os anos de 1982 e 2011, foram feitas 30.889 notificações de Aids em Minas. Tanto para homens quanto para mulheres, a predominância do acometimento é na faixa etária de 20 a 49 anos, que corresponde a 84% do total de casos do Estado. Na faixa etária que vai de 20 a 34 anos são 13.913 casos notificados (45%) e na faixa etária que vai dos 35 a 49 anos, são 11.953 casos (39%).
O número de casos entre mulheres vem aumentando gradativamente. O primeiro registro entre mulheres foi no ano de 1986, quando a razão entre os sexos era de 31 homens para uma mulher. A partir da década de 90 essa razão vem reduzindo e há na faixa etária que vai de dez a 19 anos uma inversão do numero de casos desde 1998, com número maior entre mulheres do que homens. A proporção de casos entre os sexos em 2011 é de dois homens para uma mulher, com 20.842 casos notificados em homens e 10.047 casos em mulheres.
De 1982 a 2011, houve também a heterossexualização da doença. De acordo com dados da Coordenação de DST/Aids da SES-MG, o número de casos entre os heterossexuais subiu vertiginosamente, representando atualmente 52,74%. É importante destacar que a categoria de exposição heterossexual, na década de 80, correspondia a 12 % do total de casos.
Apesar do elevado número de casos nos centros urbanos, é crescente a interiorização da epidemia em Minas Gerais, com casos da doença em 701 dos 853 municípios, o que corresponde a 82,1% das cidades mineiras. Os 15 municípios com maior frequência de casos entre os anos de 1983 e 2011 são: Belo Horizonte, Juiz de Fora, Uberlândia, Contagem, Uberaba, Betim, Ribeirão das Neves, Governador Valadares, Araguari, Poços de Caldas, Ipatinga, Santa Luzia, Sete Lagoas, Divinópolis e Ituiutaba, respectivamente. A somatória dos casos nestes municípios é de 19.699 notificações, o que corresponde a 63,77% do total de casos de Aids em Minas Gerais.
via Agência Minas
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