sábado, 27 de março de 2010

Governo de Minas anuncia criação do Museu do Homem Brasileiro

Renato Cobucci/Secom MG
O governador Aécio Neves anunciou, nesta sexta-feira (26), no Palácio Tiradentes, a criação do Museu do Homem Brasileiro, mais um espaço a integrar o Circuito Cultural Praça da Liberdade, maior complexo de cultura e entretenimento do país. 

O novo museu ocupará o antigo prédio da Secretaria de Viação e será implantado por meio de parceria entre o Governo de Minas e a Fundação Roberto Marinho.

"O Museu do Homem mostrará onde começamos a nossa história e nos inspirar nela para construir o nosso futuro. Falo sempre que triste da sociedade que não conhece a sua história, pois ela tem muito mais dificuldade para construir o seu futuro. Então, é um espaço vivo, de convívio, onde vamos ter música, artes plásticas, aberto à noite para que as pessoas se encontrem, se reencontrem e convivam", afirmou o governador em entrevista.

Durante a solenidade, o governador assinou convênio com presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, para iniciar o processo de criação do museu. O convênio permitirá a realização de estudos conceituais e sobre a viabilidade técnica e arquitetônica para implantação do museu pela fundação, a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).

O governador ressaltou a importância do Circuito Cultural, inaugurado nesta semana, que já está transformando o perfil cultural da capital. O complexo é formado por museus, centros culturais e sala de espetáculos. Nesta semana, o Governo de Minas inaugurou os dois primeiros espaços: o Museu das Minas e do Metal EBX e o Espaço TIM UFMG do Conhecimento.

"O Circuito Cultural é uma realidade concreta. A praça do poder agora se transforma, passo a passo, na praça do povo. Para que o povo se descubra cada vez mais. É algo que não dá para avaliar a dimensão do que está sendo construído. Estamos permitindo que os mineiros de hoje e de amanhã mergulharem em sua história", disse.

Ainda estão em obras o Memorial Minas Gerais Vale; o Centro Cultural Banco do Brasil e o Centro de Arte Popular Cemig. Nesse conjunto de espaços culturais estão sendo investidos cerca de R$ 90 milhões. O Circuito Cultural é formado ainda pelo Museu Mineiro, Arquivo Público Mineiro e a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e o Palácio da Liberdade, todos eles restaurados ou revitalizados nos últimos anos e já abertos à visitação pública.

Estímulo à educação

O presidente da Fundação Roberto Marinho destacou a importância do novo museu para o aprendizado e a educação das crianças. Segundo ele, o museu de Minas Gerais seguirá os mesmos padrões utilizados pela instituição nos museus da Língua Portuguesa e do Futebol, em São Paulo.

"Estou muito sensibilizado com este projeto. Vai ser uma oportunidade de mostrar a alma de Minas Gerais e alma do Brasil. Do homem e da mulher brasileira. Vai ser um desafio muito grande. Já fizemos dois museus em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol, onde contamos uma historinha com roteiro, muito dirigido aos alunos das escolas públicas. A criançada tem um estímulo para o raciocínio, um estímulo para prestar atenção na literatura e na poesia e na história do Brasil", disse.

A Fundação Roberto Marinho implantou o Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006 na Estação da Luz, em São Paulo, e é um dos mais visitados do país. Em 2008, participou da realização da criação do Museu do Futebol, um museu da história do Brasil. Ainda desenvolve outros quatro grandes projetos: o Museu da Imagem e do Som (MIS), no Rio de Janeiro; o Museu do Amanhã, no Rio; o Museu de Arte do Rio; e o Paço do Frevo, em Recife.

Diversidade cultural

Com museografia da diretora teatral e cenógrafa Bia Lessa, o museu será um espaço de conhecimento, divulgação e interpretação da memória sobre a origem do povo brasileiro. O espaço apresentará a diversidade étnica e cultural do brasileiro, traçando um mapa da miscigenação no país. Em ambientes virtuais e interativos, o museu mostrará ainda como o homem brasileiro convive com a natureza e suas relações com a história, a cultura, a ciência e o futuro.

"Vamos trabalhar o homem através de vários saberes. Vamos fazer um museu que reúne artes plásticas, música, arqueologia, da gastronomia. A idéia é fazer um museu vivo, um museu que integra a praça, a praça da Liberdade, onde as pessoas possam usufruir dele não só de forma contemplativa, mas fazendo parte dele. Vai ser um museu em constante criação", afirmou Bia Lessa, que criou a mostra sobre Guimarães Rosa, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e o módulo do barroco durante a Mostra do Descobrimento, em 2000, em São Paulo. 

Pesquisa museográfica

Uma pesquisa museográfica será desenvolvida com a ajuda de especialistas em antropologia, genética e sociologia, entre outras áreas. O economista, historiador e sociólogo Sérgio Besserman, que participará da elaboração da pesquisa, destacou que a importância de Minas para sediar o Museu do Homem Brasileiro.
"O museu do homem só poderia ser em Minas porque em Minas foi onde o Brasil enquanto nação surgiu. O Brasil só é o que é hoje por causa de Minas. Isso reflete na alma da cultura, da personalidade dos mineiros, cujo sentimento regional é uma expressão muito forte. No Brasil não há o museu do homem e isso é uma grande perda porque o Brasil tem uma lição, tem algo a dizer ao mundo que é essa miscigenação do bem. O museu será muito aberto com exposições provisórias e renovação permanente", explicou.

Sobre o prédio

Isabel Chumbinho/Iepha
O prédio que abrigará o Museu do Homem Brasileiro foi construído entre 1895 e 1897, na época da construção de Belo Horizonte, em estilo eclético. 

Suas obras prosseguiram pelos anos seguintes à inauguração da capital, em 1897, e sua decoração ficou a cargo do pintor Frederico Antônio Steckel. 

Foi sede da Secretaria de Viação e Obras e, posteriormente, da Secretaria de Obras Públicas. Atualmente, abriga o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.

O prédio passou por duas grandes restaurações: em 1997 o forro que fica no hall da escadaria foi totalmente refeito. Em 2005, durante obras de restauração, foi encontrado um painel, até então desconhecido, sob cinco camadas de tintas, no terceiro andar.

Agência Minas

Seguidores