segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Saúde na Escola promove redução de gravidez na adolescência

BELO HORIZONTE (05/10/09) - A gravidez indesejada, aos poucos, deixa de ser um problema enfrentado pelos jovens mineiros. Os adolescentes estão mais responsáveis em relação ao sexo. Pelo menos é o que indica a pesquisa do Ministério da Saúde (MS), divulgada em setembro. Em Minas Gerais, o número de partos realizados em meninas entre 10 e 19 anos reduziu 33,2% nos últimos dez anos. Uma queda superior à média nacional, que foi de 30,6%. Entre as razões para esse cenário está o acesso dos jovens às políticas públicas de orientação sexual. 

A prevenção à gravidez foi um dos temas mais debatidos em seminários e capacitações realizados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) em centros de ensino e Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas em Minas. O programa Saúde na Escola, que desde 2005 percorre as cidades mineiras, ajudou a esclarecer pais e filhos sobre questões relativas à sexualidade. "Essas ações foram fundamentais para a redução indicada na pesquisa", explica o médico Fernando Libânio, referência técnica estadual em Saúde do Adolescente. 

Embora a redução seja positiva, o índice de gravidez precoce no Estado ainda é alto. Em 2008, cerca de 42 mil jovens entre 10 e 19 anos se tornaram mães. A maioria delas vive no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. "O Estado possui diferenças regionais que precisam ser trabalhadas", avalia o médico. "Estamos, entretanto, no caminho certo". 

Esse caminho passa pelas escolas. Segundo Libânio, as instituições de ensino são os locais apropriados para disseminar conhecimento entre os jovens. "Quanto mais o adolescente sabe sobre si, sobre seu corpo, mais ele planeja sua vida sexual, mais responsável ele será". O programa Saúde na Escola levou palestras sobre sexualidade para colégios estaduais de 155 municípios. O tema também está na grade curricular do ensino fundamental da rede pública. 

Palestras 

Uma das escolas que recebeu o programa foi a Maria da Glória Assunção, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em fevereiro desse ano, técnicos da SES realizaram palestras para alunos e professores. Houve apresentações de métodos contraceptivos. Os jovens conheceram também os atrasos de vida que uma gravidez indesejada acarreta, como a dificuldade em prosseguir nos estudos e arranjar emprego. "Fizemos uma boa parceria com a Secretaria Estadual de Saúde", lembra a diretora Patrícia Aparecida. 

Ela espera que outras palestras sejam oferecidas no próximo ano. Outras diretoras querem o mesmo. A escola Barão de Macaúbas, uma das mais antigas de Belo Horizonte, receberá de braços abertos o Saúde na Escola, garante a diretora Amélia Lúcia. 

A história da escola com adolescentes é recente. Dos 88 anos de existência, só nos últimos quatro a Barão de Macaúbas abriu turmas para o ensino fundamental. Amélia ainda não teve problemas com adolescentes grávidas, o que não quer dizer que a preocupação não exista. "Já fizemos oficinas e passamos orientações aos alunos nas aulas especializadas". 

O programa Saúde na Escola ajudará nesse trabalho. Para ela, o seminário será muito útil no esclarecimento dos jovens. "O diretor que não fizer uma parceria com o Estado para levar o tema saúde para as salas de aula não tem visão como gestor", diz. 

O programa 

Desenvolver ações de promoção à saúde no ambiente escolar, contribuindo para a qualidade de vida e bem-estar de crianças e adolescentes, esse é o objetivo do projeto Saúde na Escola. Criado em junho de 2005, o empreendimento está atingindo um viés mais global, ampliando seu campo de atuação para as famílias dos estudantes e comunidade. 

O programa reuniu, na sua implementação, quatro esferas da rede pública estadual. Saúde, Esportes, Educação e Desenvolvimento Social se uniram e transformaram o Saúde na Escola em uma ação do 
Governo de Minas

Em sua implantação o programa propõe uma visão diferenciada da atenção e promoção à saúde, não deixando a responsabilidade apenas para as Unidades Básicas, mas sim levando esta prática para as escolas do Estado. Este formato de atuação promove a integração e interatividade entre as áreas na execução das ações. "Este programa contribui significativamente para qualidade de vida e para garantia dos direitos da criança e do adolescente", diz a responsável técnica pelo Saúde na Escola, Renata Miranda. 

A faixa-etária dos jovens atendidos está entre 12 e 18 anos, período considerado ideal para execução do trabalho. "Nessa fase começam a ser consolidados modos de vida, o que facilita trabalhar prevenção de riscos e a importância de se manter uma vida saudável", diz Paulo César Pinho Ribeiro, consultor do Programa na SES. 

O conteúdo do Saúde na Escola norteia a prevenção a situações de risco inerentes a juventude. São elas: a violência em todos os aspectos, inclusive sexual, doenças sexualmente transmissíveis, Aids e o uso e abuso no consumo de substâncias lícitas e ilícitas. A abordagem destes temas no ambiente escolar visa agregar valor a este local que é o responsável por formar cidadãos para o mundo. 

Resultados 

Resultados expressivos foram conquistados com o Saúde na Escola. Entre agosto de 2008 e julho de 2009 foram capacitados 120 municípios que resultaram na aprovação de projetos no Programa Saúde na Escola Federal e no bom desempenho de programas em vários municípios com ações paralelas de monitoramento e capacitação continuada. 

A reafirmação da eficácia do trabalho veio com o convite que os idealizadores do empreendimento receberam para apresentação do projeto no IV Congresso Internacional de Saúde Escolar, que será realizado em Évora, Portugal, entre os dias 19 e 21 de novembro. Promovido pela Associação Ibero Americana de Medicina e Saúde Escolar, o congresso conta com a participação da Espanha, da Organização Mundial de Saúde (OMS), além de países das Américas do Norte e Sul. 

O evento marca a comemoração dos 20 anos da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. O convite reconhece o relevante trabalho realizado pela
Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP/MG), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde. 

Nova Fase 

Em 2009 o projeto Saúde na Escola passa por modificações. O intuito é potencializar ainda mais as discussões sobre os temas inerentes a juventude e, principalmente, ampliar as ações para além dos muros da escola, contemplando também as comunidades envolvidas. 

O programa, agora inserido dentro do projeto Travessia, tem como enfoque as regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ao todo são, até o momento, 38 municípios com esse perfil beneficiados pelo projeto. Nessa etapa do empreendimento, reduzir o consumo de substâncias lícitas e ilícitas entre os jovens é uma das principais metas. 

Nessa nova fase do Saúde na Escola, nas cidades são elaborados comitês formados por 80 pessoas, entre membros da rede pública, organizações não-governamentais e sociedade civil. Os integrantes desses grupos participam de oficinas onde são abordados temas sobre o programa. Posteriormente, dentro dos comitês é nomeada uma comissão que fica responsável por diagnosticar demandas no município e dar continuidade aos projetos. "A mobilização da população dos municípios é fundamental. A comunidade é o grande vetor dessa mudança", diz Renata Miranda, responsável técnica pelo Saúde na Escola. Ela diz ainda que o projeto contribui significativamente para a conscientização dos jovens.


Agência Minas


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