terça-feira, 2 de março de 2010

Relação entre tráfico e homicídios preocupa Uberlândia

Foto: Welton Neves
 
A estreita ligação entre o tráfico de drogas e os homicídios é, atualmente, a maior preocupação das autoridades policiais de Uberlândia. A afirmativa é compartilhada pelo delegado Gilmar Souza de Freitas e pelo tenente-coronel Dilmar Fernandes Crovatto, respectivamente chefe e comandante militar da 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), que envolve 18 municípios do Triângulo Mineiro. O tema foi debatido nesta terça-feira (2/3/10) em Uberlândia, durante audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O requerimento para a realização da reunião foi dos deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão, Tenente Lúcio (PDT), Rômulo Veneroso (PV) e da deputada Maria Tereza Lara (PT).

Segundo Freitas, 78% dos homicídios praticados na região têm relação direta com o tráfico. "Só neste ano já foram apreendidos 110 quilos de drogas na região", afirmou. Apesar de alarmados com o aumento de 17,4% na taxa de homicídios nos dois primeiros meses de 2010 (18 assassinatos em janeiro e nove em fevereiro), os comandantes policiais estão otimistas com os dados de longo prazo registrados desde que houve a integração das polícias, em 2005. Segundo estatísticas apresentadas pelo tenente-coronel Crovatto, desde aquele ano os números vêm caindo sistematicamente, contrariando a tendência de subida verificada até 2004.

Em 2005, por exemplo, foram registradas 48.951 ocorrências criminais na região. Já no ano passado esse número caiu para 37.152, informou o chefe militar. A quantidade de crimes violentos (homicídios, sequestros, estupros, entre outros) também passou de 9.113 para 3.753 no mesmo período, retornando a níveis registrados em 1999. Essa conquista foi obtida, segundo ele, apesar do aumento constante da população. Em 2009, a população de Uberlândia era estimada em 634 mil pessoas.

Ainda de acordo com Crovatto, o investimento na segurança pública promovido pelo Estado foi um dos maiores responsáveis pela redução dos índices de criminalidade. Ele informou que entre 2006 e 2009 a região recebeu 245 viaturas policiais e 984 homens ingressaram na Polícia Militar. Segundo o tenente-coronel, no período foram investidos mais de R$ 50 milhões na segurança pública de Uberlândia e região.

Valorização do servidor é cobrada

Nas galerias, porém, representantes de policiais civis e militares portavam faixas e cartazes denunciando os baixos salários dos servidores. O deputado Weliton Prado (PT) disse que a promessa de piso salarial de R$ 2.500 para os policiais, segundo ele feita pelo governador, não foi cumprida até hoje. "E se não aumentar o salário até abril, este ano não haverá aumento, porque é ano eleitoral", lembrou o parlamentar. Ele questionou ainda o fato de o Governo do Estado ter se recusado a assinar um convênio para a implantação, em Minas, de um novo sistema de identificação de impressões digitais, já utilizado pela Polícia Civil em quase todos os demais Estados, com exceção de São Paulo. Um requerimento pedindo explicações ao governo foi apresentado e deverá ser votado na próxima reunião da comissão, nesta quarta-feira (3).

Em sua fala, o deputado Tenente Lúcio (PDT) pediu maiores investimentos nas entidades que poderiam atuar na prevenção da violência, como as igrejas, as associações de classe e de caridade. Ele ainda cobrou das três esferas de governo (municipal, estadual e federal) e da sociedade como um todo uma parceria mais efetiva no sentido de encarar a questão da segurança pública com mais seriedade ainda.

Já Luiz Humberto Carneiro (PSDB) disse que Minas Gerais tem sido um modelo para o Brasil em termos de gestão da segurança. Ele disse que o tráfico de drogas se dissemina principalmente pelas rodovias brasileiras. E Minas, como tem a maior malha rodoviária do País, precisa intensificar a fiscalização. Segundo Carneiro, os 700 policiais rodoviários federais que atuam no Estado são insuficientes para dar conta do trabalho. "Precisamos de no mínimo 3 mil homens", avaliou o deputado. João Leite (PSDB) concordou com as ponderações do colega e ressaltou a importância das visitas da comissão a todos os cantos do Estado para ouvir as autoridades policiais e a comunidade.

A deputada Maria Tereza Lara (PT) também defendeu um trabalho preventivo. Citando que o serial killer acusado de matar cinco mulheres no bairro Industrial, em Contagem, era torturado pelo pai quando criança, ela ressaltou a importância do amor familiar para evitar a criação de psicopatas no futuro. Maria Tereza também defendeu o fim da superlotação nas cadeias e a implantação de projetos profissionalizantes nos presídios.

Outros participantes da reunião também deram suas sugestões para melhorar a questão no Estado. O defensor público Evaldo Gonçalves da Cunha pediu aumento no número de defensores na região. Segundo ele, os 16 profissionais atendem a nada menos do que 90% dos processos que tramitam nas varas criminais da região de Uberlândia. O diretor do fórum da cidade, Joemilson Lopes, sugeriu que a Polícia Militar seja isenta de pagar impostos sobre o combustível utilizado pelas viaturas. Ele alertou ainda para o fato de que há 1.500 mandados de prisão emitidos pela Justiça e que, se todos forem cumpridos, haverá um colapso no sistema prisional, que já está superlotado.

Para o promotor de Justiça da comarca de Uberlândia, Breno Linhares Lintz, é inaceitável que Juiz de Fora, na Zona da Mata, tenha um efetivo de policiais civis três vezes maior que Uberlândia, sendo que a população daquela cidade é menor em 50 mil pessoas. Devido a esse tratamento "desigual", ele defendeu a criação do Estado do Triângulo.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão; Tenente Lúcio (PDT), Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Weliton Prado (PT) e deputada Maria Tereza Lara (PT).
 
Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

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